14 de julho de 2013

das flores da casa rosa à baleia de heinz isler e a noção de inspiração





























a partir da mais antiga povoação suiça, chur, a capital do cantão dos grisões, fomos salta pocinhas entre zumthor, oligiati e heinz isler, viajar para ver arquitectura não está nos planos de todos os adultos e, aparentemente, menos ainda nos das crianças. saltamos durante o dia entre muitas paragens e muitas visitas mas passamos muito mais tempo entre dois edifícios. enquanto os meninos ainda dormiam tínhamos passado em haldenstein, uma pequena vila encravada nas montanhas onde espreitamos o escritório e a casa de zumthor. foi a partir de chur, onde almoçamos, que despertamos os meninos para a particularidade da região onde a maior parte das povoações ficam encravadas entre as montanhas da zona oriental dos alpes, dando-nos permanentemente a sensação de clausura tão oposta ao espraiar das zonas de costa a que estamos habituados. enquanto nos deslocamos até scharans onde nos prolongamos até ao lanche inventamos uma espécie de lenga lenga ou canção onde exploramos, muito basicamente, esta sensação. já em frente do atelier bardill, foram a fonte de água límpida e muito fresca e o grande pato amarelo que prenderam os pequenos e não as flores cofradas nas paredes rosa de betão. alheios à envolvente mas por ela envolvidos hão-de surgir conversas. ainda lhe hei-de contar que vi nas janelas das casas envolventes círculos de crochet pendurados a que associei as cofragens. depois de tanto tempo de volta da água ninguém se importou de ser de novo preso nas cadeiras e fomos antecipando, desta vez, a visita seguinte. cazis era o destino que se seguia e o edifício, uma igreja. antecipamos possíveis inspirações, pareciam uns ovos rachados. a definição de inspiração tomou primeiro conta da viagem, mas assim que as formas ovaladas nos apareceram à frente filho grande dedicou-se a reformular referências e atirou primeiro para peixes de boca aberta. mas depois achou que era uma baleia com o rabo enterrado e enquanto não circundamos toda a igreja disputou comigo se o volume paralelipipédico e espelhado, de que apenas vislumbrávamos partes, rompia ou não as formas orgânicas de betão. ganhou-me. o volume onde se concentrava circulação e serviços de apoio estava de facto só encostado. no interior sentiu-se comido por ela, pela baleia, e desatou a ruminar histórias com a baleia abandonando por completo os peixes de boca aberta. filho grande deixou depois a baleia de lado e ficou muito tempo de chave do carro na mão a sussurrar histórias no meio do grande campo de centeio que se estendia nas traseiras do edifício. entre grilos e a dança das espigas ao vento. terminamos o dia em flims entre a casa amarela, o escritório, a morada de família, a pizza e com vontade de fazer esticar o dia.

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eu vista por mim

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novembro1982