6 de junho de 2012

geração desafiada



















é sempre assim como um tolo no meio da ponte. na gravidez para acertar com o sítio que me levava a um mais desejado parto normal, valeu o segundo falhanço para ficar em paz com o corpo. da última vez foi para decidir a que escola entregar o filho grande por uns bons anos. o coração e a razão nas duas opções. há sempre duas opções que me caem nos pés nenhuma das duas tem necessariamente um lobo mau escondido. muito pelo contrário. há sempre duas opções com coisas boas, diferentes, mas ambas boas dependendo dos items priveligiados. longe estava de imaginar que me atiravam uma nova ponte para os pés em que nas duas margens florescem muitas coisas e querer apanhar flores nos dois lados, já sabemos, vai fazer-nos quase pertencer a lado nenhum. e o querer e o não querer, o só pode ser bom e o pode não ser assim tão bom consomem-me as ideias. o ano não equivale ao de outrora. deixar o país como estudante, com objectivos de tempo e espaço bem delineados. não há só a primeira pessoa do singular, e não há só a primeira pessoa do plural. também há a terceira pessoa do plural. há eles. dois meninos. dois nossos um dela.
muitas coisas se me têm cruzado no caminho. algumas antagónicas. pareço gostar de opostos, de gostar de encontrar coisas positivas nos opostos e de, num processo quase masuquista, sofrer por querer muitas coisas. por não querer eliminar coisas à partida e por ter dificuldade em selecionar, não dar para fazer undo assusta. recolhem-se experiências -obrigada sofia- e volta-se a recolher. de gente que foi e voltou, de gente que está, de gente que o pondera, de gente que está nómada. não somos rasca, nem à rasca, nem tivemos a vida adiada, não adiamos nada. somos uma geração qualificada, informada. a mais tecnológica, a mais sensível na ecologia, no respeito pelo passado, a que mais repisca o que a anterior renegou, a mais viajada.
não sei se pertencemos a essa geração adiada, por definição até aos 34 com sucessivos empregos precários, a viver em casa dos pais. vimos do final dos 70's tivemos empregos estáveis, e recentemente metade a trabalhar por conta própria com trabalho e outra metade numa situação efectiva, um quase forever. há pouco mais de um ano atrás o país, vendiam-nos, estava próspero. falava-se em tgv's e muitos projectos. nos últimos dois meses e meio, um adulto para dois meninos, a tv de casa mantém-se quase sempre desligada. não preciso de ouvir notícias a chover no molhado, bastam-nos alguns desenhos animados escolhidos a dedo para gerir tarefas e duas séries com gravações agendadas para o momento de silêncio o sofá agora é meu.

1 comentário:

madrid disse...

Concordo plenamente com o parágrafo "A emigração podia ter corrido mal, mas no nosso caso foi maioritariamente positiva e acho que alguém que vá entrar numa aventura destas com os filhos, não deve ter medo mas nunca mais se volta ao que era. De um modo geral a emigração muda-nos para sempre, não somos de lá e quando regressamos não somos de cá, temos sotaque em todo o lado, há hábitos novos que adquirimos e aprendemos a aceitar que as pessoas são realmente muito influenciadas pelo meio em que habitam". E afinal na Suiça falam Inglês e o que há mais é Portugueses! O Alemão!? Vai ser ótimo para os meninos e em pouco tempo vão falar pelos cotovelos, não deixem é de falar Português em casa. Boa viagem!

eu vista por mim

eu vista por mim
novembro1982