23 de maio de 2012

nós por cá



















mãe sentada, uma colher em cada mão, sopa para a direita, peixe para a esquerda e vice versa. o bebé chora, está febril, vai para o chão e acalma, o menino não pára sentado, já não há exemplo de uma refeição normal. o bebé volta a chorar, o cocó incomoda-o que já se colou e espalhou, o menino choraminga que lhe dói uma perna, a mãe desconfia que a perna quer disputar atenção. querem colo e a mãe fica sem braços e tenta fazer malabarismos para alimentar as crias. entretanto o menino anda de cu no ar a brincar e a mãe vai num pé,  limpa o rabo ao bebé e volta no outro, ralha que comer é na mesa sentado mas não há ninguém sentado naquela mesa. o bebé continua choroso e a mãe já pouca maçã lhe consegue enfiar no bucho por isso corre a fechar as portadas no quarto e pousa-o na cama e o bebé fecha os olhos em 5 segundos e volta a fazer rodopiar colheres de perca grelhada, comida favorita do menino que, hoje insisti dizer, não quer e não gosta. mãe dá atenção ao menino, constrói uma garagem onde estacionam todos os carros e a perna já não dói. faz-se um bocadinho de silêncio e a mãe pensa nas nebulizações que ainda tem de distribuir. a mãe senta-se e sente as costas feitas num oito enquanto tecla por uns minutos porque daqui a nada volta a esquecer-se que tem costas e vontades e sabe que daqui a uns anos não sabe se vai saber o que fazer com o tempo.

1 comentário:

CACAU disse...

Estava a ler isto e a rever-me/-nos... Por cá a I. começou com as sopas há um mês, desde então o T. à hora de jantar tem sempre "a perna a doer". Estar sentado era dantes pois agora tudo é pretexto para levantar ("a mana pediu-me uma festinha, ou o brinquedo caiu, ou vou ver se já tem dentes!"). Dou comigo com duas colheres na mão e a voz a aumentar de volume... conto até 10 e inspiro, chego ao 9 e deito fumo!
Melhores dias virão...

eu vista por mim

eu vista por mim
novembro1982